Premiado em Cannes por sua atuação em Baby, Ricardo Teodoro consolida-se como um dos artistas mais relevantes do cinema brasileiro contemporâneo, trazendo intensidade e originalidade a cada novo papel.

Ricardo Teodoro desponta como um dos grandes nomes do cinema nacional atual. Sua interpretação de Ronaldo no filme Baby, dirigido por Marcelo Caetano, rendeu-lhe o prêmio de melhor ator na emana da crítica do Festival de Cannes 2024. Esse feito histórico consagrou o ator como o primeiro negro brasileiro a conquistar um prêmio de atuação em Cannes, firmando uma posição de destaque no cenário cinematográfico global e comprovando a força do cinema nacional.
Natural de Governador Valadares e criado em São José de Safira, Minas Gerais, o artista construiu uma trajetória marcada pela dedicação e versatilidade. Ao longo de 16 anos de carreira, participou de mais de 20 espetáculos teatrais e diversos projetos audiovisuais. Formado em Artes Cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e com uma pós-graduação em Gestão Cultural pelo SENAC-SP, ele demonstra um compromisso inabalável com a excelência artística.
Além de atuar, o artista também é diretor e já integrou grupos teatrais renomados, como a Cia do Latão e o Grupo Gattu. Em 2015, fundou a Cia Kamaleon, com a qual produziu o espetáculo Balada de um Palhaço, reforçando sua paixão pelo teatro e ampliando sua visão criativa. Desde 2018, ele reside em São Paulo, onde continua a explorar novos horizontes em sua carreira.

Um divisor de águas: A atuação em Baby
O longa Baby marcou um ponto de virada na trajetória do intérprete. No filme, ele dá vida a Ronaldo, um homem mais velho que se envolve com Wellington (vivido por João Pedro Mariano), um jovem recém-saído de um centro de detenção juvenil. A relação entre os dois é permeada por paixão, ciúmes e exploração, abordando temas universais e provocativos.
A crítica destacou a profundidade e as nuances que o ator trouxe ao papel, conferindo vida e complexidade ao personagem, emocionando o público e enriquecendo a narrativa do filme. Não por acaso, o longa foi amplamente celebrado em outros festivais, como o Festival do Rio, onde venceu o prêmio de Melhor Filme, e o Mix Brasil, onde foi premiado com o troféu de Melhor Interpretação.

Para o artista, viver Ronaldo foi um processo intenso e transformador, exigindo entrega total. Em fala exclusiva à Yellow Mag, ele compartilhou os desafios e aprendizados dessa jornada:
"Eu vejo isso de duas maneiras. Primeiro, tem o Ricardo que nasceu no interior, cresceu em Minas Gerais, em um ambiente de forte influência conservadora. Por isso, senti uma grande responsabilidade de não julgar o Ronaldo, de não moralizá-lo. Meu objetivo era humanizá-lo ao máximo, para que o público pudesse levá-lo para casa, abraçá-lo e até desejar conviver com ele."
O papel também representou um marco profissional, permitindo ao ator explorar novas facetas:
"Desde que li o roteiro, percebi o potencial do Ronaldo de me permitir explorar várias camadas. No audiovisual, a imagem é o que chega primeiro, e muitas vezes somos limitados por estereótipos. Mas esse personagem me deu a oportunidade de mostrar novas facetas, de usar ferramentas que acumulei ao longo da minha trajetória. Ronaldo me permitiu colocar tudo isso para fora: minha sensibilidade artística, minha virilidade e até a ideia de me sentir bem sendo um homem desejado."
Além disso, ele refletiu sobre o impacto transformador do papel em sua trajetória:
"Sempre tive essas ferramentas comigo, mas é preciso trabalhos que as exijam. O Ronaldo me desafiou profundamente. Foi, de certa forma, uma prova dos 16 anos de carreira que construí até aqui – e eu queria fazê-lo com excelência."
O personagem sintetizou, assim, a trajetória artística e pessoal do intérprete, representando um marco de maturidade e dedicação em sua carreira.
Representatividade e reflexão no cinema
Baby aborda com sensibilidade questões de representatividade LGBTQIA+ e temas relacionados à identidade e sexualidade. O filme destaca o papel transformador do cinema como ferramenta de diálogo e reflexão.
“Fico feliz em fazer parte de um projeto que provoca reflexões e emociona o público”, comentou o ator, reafirmando seu compromisso com histórias que conectam e transformam.

Novos horizontes e uma carreira em ascensão
O sucesso de Baby abriu portas para novos desafios. O artista já está sendo cotado para produções internacionais, como o filme Salve Rosa e uma série da Netflix. Apesar da projeção global, ele faz questão de reafirmar seu compromisso com o cinema brasileiro:
“Nosso cinema tem muito a oferecer, e quero continuar contando essas histórias.”
Sua ascensão no cenário global reflete a crescente visibilidade do Brasil no mercado cinematográfico internacional, provando que o talento nacional tem espaço e relevância em qualquer parte do mundo.
Um futuro brilhante
Ricardo Teodoro está redefinindo o papel do ator brasileiro no cinema. Sua atuação em Baby não apenas marcou sua carreira, mas também elevou o nome do Brasil no circuito internacional. Com um futuro promissor, ele continua a emocionar o público e inspirar novas gerações. Agora, o ator se prepara para interpretar um vilão no remake de Vale Tudo: o vigarista Olavo, um dos principais antagonistas da trama. Seu personagem, interpretado por Paulo Reis na versão original de 1988, se envolve em falcatruas ao lado de César Ribeiro e Maria de Fátima, que agora serão vividos por Cauã Reymond e Bella Campos.

Comments