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Yellow Mag

Aquele Que Apenas Canta é o novo single do maranhense Rafa Noleto

A canção apresenta um arranjo de vozes que conduz a obra do compositor maranhense.


Uma celebração ao cantar, à voz como instrumento. Aquele Que Apenas Canta é a nova canção do cantor, compositor e antropólogo, Rafa Noleto, lançada hoje (10) pela Vitrola Play. A faixa é o último single antes de seu álbum de estreia, Cantositor, que será lançado dia 07 de Abril e terá mais três canções inéditas e uma faixa bônus, além das dez já divulgadas, totalizando 14 músicas. A faixa bônus será uma versão estendida de "Mar Profundo", último single lançado pelo cantor em fevereiro. Quanto ao novo som, “é uma canção feita por um artista que se percebe como um cantor que compõe e não um compositor que canta”, resume o autor.




“Você só canta ou toca algum instrumento?”. Segundo Rafa, esta é uma pergunta frequentemente feita às pessoas que cantam. “Mas o inverso raramente ocorre, pois tocar instrumentos é uma cobrança que, em geral, se faz aos cantores, mas cantar não é uma cobrança que se faz normalmente aos instrumentistas”. O single, portanto, reflete sobre essa questão e homenageia a todas as pessoas que usam a voz como um instrumento de expressão musical. “É uma celebração à voz cantada, cuja letra em primeira pessoa pretende ser autobiográfica e, ao mesmo tempo, uma canção em que cantores possam, de alguma forma, ouvir a si mesmos, reconhecendo-se, em suas semelhanças e diferenças, como portadores de saberes musicais únicos”, diz o autor.


Aquele Que Apenas Canta, ainda, aponta o cantar como “o instrumento musical que antecede a todos os outros, pois permite que os seres façam música dentro e a partir de si mesmos. Busquei enfatizar diversas dimensões envolvidas no ato de cantar como o seu caráter biológico (‘aquele cujo instrumento é a garganta’), o seu aspecto subjetivo (‘solto a voz que em mim ressoa’), o seu fundamento musical (‘eu sou aquele que soa o som’), o seu componente divino (‘eu sou aquele que vibra o corpo em pleno dom’) e suas propriedades metafísicas (‘eu sou aquele que quando canta o mal espanta’)”, explica Rafa. “Quero mostrar que a voz não é um instrumento musical menos importante ou menos complexo do que os outros, pois cantar exige um amplo conhecimento sobre a produção fisiológica do som no corpo, além de demandar muita dedicação ao estudo de aspectos musicais envolvidos no canto”, reforça .



O autor revela também que a faixa carrega um tom autobiográfico: “Compus esta canção com base na minha trajetória como cantor e pesquisador, buscando colocar em diálogo percepções auto etnográficas de minhas próprias práticas musicais em contraponto a uma ampla discussão antropológica sobre o status especial da voz cantada nas mais diversas culturas”, aprofunda.


Quanto às influências, Rafa diz que se inspirou em pesquisadores que fizeram parte de sua formação como, por exemplo, o cantor, compositor e professor José Miguel Wisnik, assim como os antropólogos Claude Lévi-Strauss, Ruth Finnegan, Elizabeth Travassos e Anthony Seeger. “Estes autores deram, cada um à sua maneira, contribuições valiosas para o entendimento da voz cantada como um elemento que funde as dimensões da natureza (a fisiologia do som produzido por um corpo humano) e da cultura (a palavra cantada dentro de uma organização sonoro-musical)”, diz.



Já o arranjo é feito por guitarra e múltiplas camadas de vozes, todas feitas pelo artista. “Ao mesmo tempo em que canto a melodia principal da canção, faço vários outros vocais durante a faixa. Nestas vozes secundárias, foram usados intencionalmente efeitos de reverse e outras distorções de mixagem que visam brincar com as imprecisões da voz humana”, explica.


SOBRE RAFA NOLETO: começou a cantar em 2001 na cidade de Belém (PA), onde estudou piano na Escola de Música da Universidade Federal do Pará e formou-se em Licenciatura em Música na Universidade do Estado do Pará. Realizou diversos shows cantando em teatros da cidade, como Theatro da Paz, Teatro Waldemar Henrique, Teatro Margarida Schivasappa e Sesc Boulevard. Também apresentou espetáculos musicais temáticos interpretando canções de Waldemar Henrique, Noel Rosa dentre outros tantos compositores da música brasileira.


Durante sete anos, teve um duo de canto e piano com a pianista Eliana Cutrim cujo principal espetáculo chamava-se “Trovas Brasileiras”, um recital que circulou por diversos teatros em Belém e no interior do estado, com interpretações de peças de compositores como Villa-Lobos, Waldemar Henrique, Jayme Ovalle, José Miguel Wisnik, Alberto Nepomuceno dentre outros.


Em 2016, lançou o álbum Farpa com a Banda Nã, em São Paulo. Se tratava de um coletivo de músicos antropólogos que se formou nos corredores das Ciências Sociais da USP. A primeira formação da banda foi composta por Michel Soares (guitarra e voz), Thiago Babalu (bateria), Bjanka Vijunas (voz), Fernanda Broggi (voz), Rafa Noleto (voz), Renato Ribeiro (guitarra), Thiago Pereira (baixo) e Julio 'Dreads' Oliveira (percussão).


Sempre intercalando a vida musical com a acadêmica, Rafa fez mestrado em Antropologia (UFPA) e Doutorado em Antropologia Social (USP), e pesquisa temas relacionados à música, dança e aos estudos de gênero e sexualidade. Em 2020, lançou o livro “Estrelas Juninas: gênero, raça e sexualidade no São João de Belém”, fruto de sua tese de doutorado em Antropologia defendida na USP. Este livro foi lançado pela Editora Papéis Selvagens, uma das mais renomadas editoras acadêmicas em Antropologia e Literatura da atualidade, que publica traduções de célebres obras estrangeiras ao mesmo tempo em que publica jovens antropólogos e escritores com destacada atuação acadêmica no Brasil. Hoje, radicado em Pelotas (RS), onde é professor do Bacharelado em Ciências Musicais e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPEL, dedica-se a conjugar sua atuação nos campos acadêmico e artístico.


Após alguns anos dedicados à vida acadêmica, retomou as atividades musicais em 2022 com o lançamento de singles de sua autoria pelo selo Vitrola Play e se prepara para divulgar o primeiro disco autoral, Cantositor.


ASSESSORIA DE IMPRENSA

Fotos de Marcus Negrão


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