Com beats de Tidus e participação de Ian Wapichana, a artista e ativista originária usa do afeto como ferramenta de resistência.
A artista originária Brisa Flow lançou hoje, dia 13 de maio o single “Making Luv”, que precede seu terceiro álbum, Janequeo, previsto para o começo de junho. A canção, com beat do estadunidense Tidus e participação de Ian Wapichana, fala sobre o afeto entre pessoas originárias.
“A canção surgiu quando o Tidus, um beatmaker e MC muito talentoso de Las Vegas, me encontrou na internet e me falou que queria produzir uma música comigo. Quando ele me enviou esse instrumental, eu fiquei empolgada e senti que queria fazer uma música e gravar um clipe com originaries protagonizando afeto, já que infelizmente não vemos isso nos videoclipes. Não vemos corpas de pessoas originárias se relacionando em conteúdos de audiovisual e esse é um reflexo do colonialismo que não nos quer felizes. Ainda vivemos em Abya Yala o genocídio dos povos originários que mata para garimpar e vender terras, destruindo culturas, línguas e conhecimentos nativos. Diante desse cenário violento, a prática do afeto entre pessoas indígenas torna-se um ato político. Quando eu escrevi ‘Making Luv’, é uma música sobre amor em seus mais íntimos significados de companheirismo e coragem.
O videoclipe foi gravado em uma reserva da Mata Atlântica, em parceria com o coletivo Mi Mawai, o audiovisual ilustra o entrelaçar dos corpos pelas tranças e o movimentar dos mesmos com a Terra e as águas, como práticas de amor não coloniais. A construção da obra aconteceu de forma horizontal e coletiva e a harmonia da vivência se reflete no resultado.
“Eu já tinha trabalhado antes com o Mi Mawai, o coletivo é aliado dos artistas originários. Eu fiz a trilha sonora de um documentário que eles realizaram sobre o direito autoral na música indígena”, explica Brisa. “O que muita gente não sabe é que eu e o Ian não éramos namorados nessa época. Nós nos conhecíamos como companheiros de trabalho no MECAInhotim, mas começamos a nos relacionar depois desse videoclipe”.
SOBRE BRISA FLOW: A artista mapurbe Brisa Flow constrói sons e imagens a partir da vivência de seu corpo no mundo e cria caminhos que desprendem das amarras da colonialidade. Desenvolve estéticas artísticas pela prática e pesquisa do canto, tecendo memórias e nativas narrativas através do rap, instalações e videoarte. Brisa de la Cordillera recebeu esse nome de seus pais, artesãos caminantes. Para muitos povos dos Andes, o canto vem do vento. A cantora, licenciada em Música pela Fiam Faam, pesquisa e defende a arte dos povos originários e o rap como ferramentas necessárias para combater o epistemicídio. Newen, seu álbum de estreia, foi lançado em 2016 e significa “força”, em Mapuzgundun (língua nativa do povo Mapuche). A obra musical esteve entre os 20 melhores discos do ano selecionados pelo jornal Estadão. Em 2017, foi a artista aposta da Folha de São Paulo e recebeu o prêmio “Olga Mulheres Inspiradoras”. O segundo disco, Selvagem Como o Vento, foi lançado em 2018 no Instituto Tomie Ohtake e destacou-se em listas de 50 melhores discos da música brasileira nos sites da Red Bull, Genius e outros canais de música. Em 2020, lançou de forma experimental o EP Free Abya Yala, um trabalho de improvisação jazzrap. O título significa “América Livre” ou “Terra Fértil Livre”, sendo Abya Yala (no idioma do povo Kuna) o nome que vem sendo utilizado por artistas indígenas para referir-se ao continente americano. As músicas foram produzidas em colaboração com um quarteto de jazz e inspiradas nas pesquisas de Brisa Flow sobre freestyle e música originária. O EP foi premiado e recebeu elogios pela crítica musical como um trabalho anti colonial experimental. Atualmente se prepara para lançar seu terceiro álbum, Janequeo, em junho de 2022.
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