Voltada para o público infantil, a instalação lúdica, de casas-corpos, fica em cartaz até 18 de dezembro.
Brincando na intersecção de vários campos artísticos (artes têxteis, teatro, autômatos), CIDADELA CORPO é uma exposição voltada ao público infantil, onde os espectadores-atuantes passeiam por um território composto de casas-corpos, experimentando os limites do visível, do tátil, do audível e do palatável. A instalação tem início no dia 11/10, terça-feira, e deve permanecer até 18/12, domingo, no Sesc Pompeia.
“Cidadela” é um tipo de fortaleza ou fortificação, situada num lugar estratégico, visando a proteção de uma cidade. O projeto, concebido, criado e coordenado pela artista, cenógrafa e figurinista Maria Helou Zuquim, é formado por 15 miniaturas de casas construídas sobre o seu próprio corpo; reunidas, as casas-corpos são dispostas numa pequena fortificação, em formato concêntrico, onde os detalhes de cada objeto atraem a atenção dos visitantes às noções de pluralidade, alteridade, inclusão e cultura de sustentabilidade. Todo o percurso da mostra será guiado pelo som da água, do vento, do pisar na terra e do crepitar do fogo. “O momento em que estamos vivendo evidencia a necessidade de estimular na infância o senso crítico fundamentado nestes conceitos e de fortalecer o potencial transformador da arte e da educação para romper padrões arraigados em nossa sociedade”, comenta a idealizadora.
As casas são estruturadas com metal e bambu recobertos por tecido, utilizando técnicas de modelagem de vestuário para dar a tridimensionalidade ao material. A proposta para o acabamento do interior das casas é de criar uma relação altamente lúdica entre as texturas do corpo e as texturas dos materiais estampados, bordados e costurados. Com portas, janelas e mobiliário, cada casa conta uma história, utilizando recursos de teatro de animação, arte eletrônica e construção de autômatos. As histórias narradas serão acompanhadas por trilha sonora autoral, assinada por Leonardo Martinelli.
“Nossa casa é o corpo que habitamos”: a ideia do corpo como um espaço de diversidade no funcionamento orgânico, subjetivo e social é exteriorizada na construção artística de uma cidade viva e múltipla, que, muito além de passível à contemplação, instiga o criar. A base dos roteiros - criada por Maria Helou Zuquim, Heloisa Pires Lima e Juliana Notari - das casas seguirá a estrutura entrelaçada entre casa, corpo e natureza. Na recepção e na saída do público, estarão: CASA INFÂNCIA (quintal / tato / vento) - distribuindo as sementes e iniciando o enraizamento da exposição - e CASAS MEMÓRIA (janela / olhos / cavernas) - entre monóculos e caleidoscópio, o espectador-atuante poderá abrir os olhos à confecção dos objetos ali expostos.
Segundo Maria Helou Zuquim, “imagina-se que ao entrar em contato com cada detalhe da exposição, toda pensada na escala infantil, as crianças se sintam à vontade para expressar seus próprios olhares sobre seus corpos, desejos e sobre a cidade. E, para isso, o espaço irá proporcionar ainda um momento em que elas possam desenhar e compartilhar esses seus olhares.”
Haverá ainda no local uma oficina ministrada por Maria chamada “Mini-Mundos: construção de espaços”; além desta, “Habitantes: construção de marionetes de vara” (Juliana Notari), “Poemas Mecânico-Visuais” (Eduardo Salzane) e “Vídeo Memória” (Paulo Pereira). Artistas participantes da exposição e equipe do socioeducativo do Sesc Pompeia participarão do ciclo de debates “Território da Infância e a Arte”. Para mais informações, acesse o site do Sesc.
No fim, o desejo é de criar em si mesmo a própria obra e, usando os versos de Arnaldo Antunes, chamar:
A casa é sua
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta cabeça porque você demora
SOBRE MARIA HELOU ZUQUIM: Premiada artista, cenógrafa, figurinista e educadora. Entende a arte e a educação como potências transformadoras. Com sua trajetória dedicada em grande parte ao público infantil, trabalha com o universo onírico e fantástico para contar histórias. É uma criadora que se ramifica entre muitos suportes, matérias, técnicas e expressões, quase sempre costuradas pelas artes têxteis. A amplitude de sua produção aparece em seus distintos trabalhos como: o quadro bordado vencedor do concurso CONTRASTES MAB FAAP; intervenção interativa “Fauna InFesta”, na exposição Augusto de Campos no Sesc Pompeia; e as direções de arte dos espetáculos “O Príncipe Feliz”, premiado pelo 13° Festival Cultura Inglesa; “Mário e as Marias”, premiado pelo APCA; “Os Saltimbancos”, indicado ao prêmio FMSA. Atualmente dedica-se à "Cidadela”, exposição aprovada e captada pela Lei Rouanet, com patrocínio da BB Seguros.
SOBRE O SESC SÃO PAULO: Com 76 anos de atuação, o Sesc - Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 44 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações em sescsp.org.br/sobreosesc.
SOBRE O SESC POMPEIA: Localizado na zona oeste da cidade de São Paulo, o Sesc Pompeia ocupa um terreno que já abrigou, no século passado, duas fábricas: uma de tambores e outra de geladeiras. A partir de 1977, o espaço ganhou um projeto de reestruturação arquitetônica desenvolvido pela arquiteta Lina Bo Bardi. Cinco anos depois, em 1982, a Unidade foi aberta ao público, tornando-se um centro de cultura e lazer, reunindo espaços de exposições, teatro, música, uma área dedicada a cursos e oficinas artísticas, espaço de leitura, além de um complexo desportivo composto por quadras de esporte e piscina, entre outros serviços oferecidos prioritariamente aos trabalhadores do comércio, serviços e turismo. A Unidade Pompeia, citada carinhosamente por Lina Bo Bardi como Cidadela da Liberdade, funciona como um democrático espaço de convivência que reúne e acolhe, diariamente, centenas de pessoas interessadas em cultura, esporte e lazer, atividades por meio das quais a vida e a cidade se renovam. Um espaço impregnado pela memória do passado industrial paulistano, exaltando, por meio de sua arquitetura e de seu design, um espectro de experiências sensoriais, afetivas e intelectuais.
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