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Yellow Mag

ELOGIO DA LIBERDADE?

Atualizado: 2 de dez. de 2021

“Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido.”

Refletir, ou melhor, escrever sobre poéticas do campo quase que automaticamente é sentar-se a mesa com Thoreau e Emerson para um jantar filosófico sobre os caminhos da sociedade, o colapso ambiental, a busca por autoconhecimento e a magia de viver em harmonia com a natureza. Revisitar campos, vagar entre as florestas, escalar montanhas, mergulhar nos rios, escutar os sopros do vento é se conhecer. É olhar para a alma através do espelho das águas e se enxergar desnudo.

É desnudar-se de agarras, preconceitos, estigmas, ganâncias. É se libertar...



LIBERDADE


Conceito abstrato hoje corrompido pelo sistema, que nos dita o que é ser livre, que ordena como ser livre. Hoje, liberdade significa estar conectado a uma teia de consumo. Liberdade é conjugação de consumir, pois o ideal de ser humano é aquele que compra, compra, compra, seja em fast-foods e/ou fast fashion, e que acompanhe cada tendência/trend no Instagram ou qualquer rede antissocial.

Estar conectado a todas essas tendências é exercer a liberdade...

Liberdade pautada na exploração animal pela indústria agropecuária e suas ramificações em fast-foods, na exploração infantil e/ou trabalho escravo pela indústria da moda que condena milhares de crianças às situações de trabalho compulsório, ou na logística antissocial das conexões não-reais, das relações superficiais e vendas de si próprio à rede de seguidores. Todos esses pacotes são vendidos separadamente – ou não - por apenas, adivinhem?

Sua vida, ou o que ela supostamente deveria ser.

Bem, caro leitor, este artigo não se trata de lhe convencer sobre adquirir uma alimentação vegana e/ou saudável, ou comprar/trocar peças de roupas em brechós ou sobre praticar outras atividades que não se restringem apenas à movimentação repetitiva dos dedos sob a tela do celular...

Vim lhes escrever sobre o que fere nossa real liberdade, aquela que Thoreau narra com tanto afinco, visto que

“A vida que os homens louvam e consideram bem-sucedida é apenas um tipo de vida. Por que havemos de exaltar só um tipo de vida em detrimento dos demais?”


Com o avanço tecnológico e capitalista, o campo veio sendo tomado por condomínios, as florestas por pastos, os rios por esgotos, os alimentos por veneno e a vida pela morte. Vivemos sendo empurrados a um modelo de vida inconcebível ao Planeta Terra, onde ter, ter, ter é ser e deslocar-se disso é loucura ou insanidade.

Numa era em que a verdadeira loucura se encontra nessa sociedade miserável que se sustenta sob pilares que autossabotam a humanidade, pois somos os únicos seres que destruímos nossos lares, envenenamos nossa comida, assassinamos nossa mãe Terra, enquanto as outras espécies tentam sobreviver ao caos cotidiano que causamos.

Conjugo nós, pois muitas vezes consciente ou inconscientemente compactuamos para o fim da nossa existência, mas claro, que existem exceções e sejamos nós aqueles que nadam contra a correnteza.

Aqueles que se deslocam do fluxo urbano, das cores cinzentas, do ar impuro, causando em cada uma de nossas pequenas ações um movimento revolucionário silencioso, em que a natureza é o maestro que compõe e conduz a melodia, e nós somos os instrumentos que a música vive. No final das contas, a tal apreciada liberdade que explano aqui é voltar-se para a natureza, ver a magnitude de cada detalhe, reconhecer que a cura que precisamos tá aqui, protegida pelos nossos ancestrais há mais de 500 anos.

Que essa tal liberdade começa em nós, quando rompemos com o que nos é ditado e regrado e seguimos os caminhos do coração, quando percebemos que a sabedoria está diante de nós, na própria mãe natureza, no silêncio e na conexão com a mesma onde conseguimos ver que afinal de contas, somos um só. Um só organismo micro no meio da vastidão de galáxias.



Que esse artigo traga uma reflexão sobre si e nossas ações cotidianas e como elas impactam o nosso meio. Que possamos olhar para o campo e ver a beleza que a mãe terra tem a nos ofertar, e vendo assim que não é necessário deixar a ganância tomar nossas almas, e que podemos de uma forma mais simples e verdadeira viver em harmonia com a natureza, respeitando cada pequeno ser que aqui habita esse planeta. E como diria Thoreau:

“Não nasci para ser forçado a nada. Respirarei a meu próprio modo.”

Pós-Graduanda (Mestrado) em História Social

pela Universidade Federal do Ceará

Graduada em História

pela Universidade Regional do Cariri


Ilustrações de Carlos Mossmann

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