Drag queen cearense Lindsey Martinez fala sobre sua trajetória na música.
Lindsey é uma drag queen, cantora, compositora e videomaker da cidade de Maranguape no Ceará. Osmar Filho deu vida a drag Lindsey Martinez no carnaval de 2012. Anos depois, em 2017, Lindsey iniciou na carreira musical independente e atualmente possui vários singles nas plataformas digitais e videoclipes, trazendo sua estética gótica futurística e sonoridade com referências do forró eletrônico, synthwave, pop, brega, funk e alternatividades do pop.
A cantora Lindsey nos concedeu uma entrevista exclusiva. Segue abaixo o nosso bate-papo:
Yellow Mag: Para começar, como e quando começou a sua relação com a arte drag e também com a música? Em que momento decidiu fazer desse talento profissão?
Lindsey Drag: A minha drag surgiu em um bloco de pré carnaval da minha cidade em 2013. Comprei uma peruca cor de rosa e fui curtir a noite. No momento da curtição eu escolhi o nome Lindsey para a minha drag. A música entrou como uma brincadeira de áudios no WhatsApp em 2015, fiz vídeos cantando músicas com uma estética mais caricata e então surgiu Lindsey Martinez na música. Em 2017, lancei o que seria meu primeiro videoclipe , da música Vamo Ser Viado, uma paródia de Felice los 4 de Maluma. Após esse trabalho artístico, eu vi que poderia ir mais adiante e tornar a drag queen mais profissional na música. Em 2018 , dei início aos primeiros trabalhos autorais nas plataformas digitais e estou fazendo arte e música até hoje na cena cultural da minha cidade.
Yellow Mag: De onde vem suas inspirações? Quais as suas referências?
Lindsey Drag: Minhas inspirações vêm dos meus sonhos, sou uma pessoa que sonha muito com coisas fantásticas, místicas... De lembranças da infância, experiências afetivas e também me inspiro muito em tudo que seja sobre ficção científica, filmes, imagens, etc. As referências que tenho hoje são cantores do brega das antigas como Fernando Mendes, Reginaldo Rossi e Zezo. Bandas de forró das antigas como Calcinha Preta, Desejo de Menina e Magníficos. Artistas LGBT independentes que movimentam a cena cultural de seus bairros. Eu pego muita referência da cultura dos anos 80, música, estética. Quero muito explorar isso no meu primeiro álbum.
Yellow Mag: Conta um pouco sobre sua infância? Quais eram os seus sonhos de criança?
Lindsey Drag: Tive uma infância muito confusa, perdi meus pais muito cedo. Lembro que adorava desenhar e já tinha noção da minha sexualidade desde os 4 anos. Com o passar do tempo, fui desenvolvendo um medo, medo de me assumir e medo da reação de pessoas da família e conhecidos. Cresci ouvindo falas homofóbicas em todos os ambientes durante a infância e a adolescência. Aos 18 anos, decidi revelar minha sexualidade. Sobre sonhos, lembro que desejava muito poder conhecer outros lugares, outros países, as gravuras nos livros de geografia do ensino fundamental e programas de tvs como o Globo Repórter me deixavam com essa vontade enorme de um dia poder viajar bastante. Também sonhava em ser cantor, os dvds de bandas de forró me deixavam bastante empolgado em um dia poder realizar tudo aquilo.
Yellow Mag: Qual o seu processo de criação na hora de compor?
Lindsey Drag: As melodias surgem na minha cabeça a qualquer momento. Pego meu caderninho, uma caneta e vou escrevendo palavras, frases que podem se tornar uma canção. Eu gosto muito de fazer isso quando estou no tédio, quando não tenho nada pra fazer, quando de repente dá uma bad e aí começo a escrever. Sou eu quem escreve todas as minhas músicas. É muito raro que eu cante uma música totalmente escrita por outra pessoa. E raramente peço a colaboração de um outro artista independente como eu pra ajudar numa composição que seria totalmente interpretada por mim. Gosto de colocar 100% do que eu estou sentindo , 100% de mim , em uma composição pra mim.
Yellow Mag: Lembra-se da primeira vez que subiu num palco? Qual a sensação? Que idade tinha?
Lindsey Drag: A minha primeira vez no palco como drag queen cantora, pra apresentar meu repertório autoral, foi em 2017, durante uma festa junina aqui no meu bairro. Eu tinha 24 anos.
Yellow Mag: Como surgiu a ideia de fazer o seu primeiro EP, foi um projeto totalmente independente?
Lindsey Drag: A ideia de fazer o meu primeiro EP existe há muito tempo , desde 2018 eu venho pensando em lançar um EP ou um álbum. Mas só foi possível em 2020 , quando a lei Aldir Blanc lançou os editais para os municípios. Inscrevi o meu projeto e fui aprovada. O EP O Sagrado Close tem cinco faixas que foram lançadas separadamente desde março de 2021. O primeiro single se chama Labaredas, foi produzido pelo paraibano @djtonynhojp. A faixa conseguiu entrar em duas playlists editoriais no Spotify e o EP foi finalizado em outubro de 2021, com o lançamento do último single. Atualmente estou fazendo o possível pra que o meu primeiro álbum seja lançado ainda em 2022 , ou pelo menos uma parte do álbum seja lançada ainda em 2022, com dois singles ou mais. O álbum se chama Zuada do Diabo.
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