Integrante da banda Baiana System desde 2018, o maestro e líder da Orquestra Afrosinfônica Ubiratan Marques faz a estreia nacional do show de seu primeiro disco autoral, “Dança do Tempo” no SESC Pinheiros.
Nos dias 23 e 24 de fevereiro, no Sesc Pinheiros, o maestro e líder da Orquestra Afrosinfônica Ubiratan Marques faz a estreia nacional do show de seu primeiro disco autoral, “Dança do Tempo” (selo Máquina de Louco) com participação especial de Danilo Caymmi.
O álbum traz oito faixas, tendo como referência a música afro -brasileira, que representam seu modo de ver, sentir e estar no mundo. Ubiratan Marques (piano Fender Rhodes) sobe no palco acompanhado por Reinaldo Boaventura (percussão), Rowney Scott (sax soprano e tenor), Alexandre Vieira (contrabaixo e voz), Tâmara Pessôa (voz) e Gab Ferruz (voz). Com Danilo Caymmi (voz), Ubiratan Marques (piano) homenageia os mestres Dorival Caymmi e Milton Nascimento.
“Feliz com o trabalho do maestro Ubiratan Marques, porque remete a uma linha de trabalho do saudoso Moacir Santos com uma coisa de raízes negras forte que também a gente vê no trabalho do meu pai e no jazz, que é a nossa formação e acredito que tenha sido a formação do meu pai também. Muito feliz mesmo em ver um trabalho como esse, uma vertente um pouco esquecida dentro da música popular brasileira.” (Danilo Caymmi)
SOBRE O MAESTRO UBIRATAN MARQUES: Natural de Salvador, Bahia, Ubiratan Marques é pianista, compositor, arranjador e educador. Bisneto de Carolina Amália de Souza, mulher que apresentou e iniciou o maestro na música, e neto da Iyalorixá Guiomar de Ogum, Belmonte, no sul da Bahia, Ubiratan Marques tem como traço marcante de sua obra a influência da música ancestral africana.
Se a Orquestra Afrosinfônica, a qual dirige, é um coletivo de artistas negros, que se expressa a partir de uma abordagem decorrente de pesquisas sonoras e conceitos intimamente ligados à música afro- brasileira, com o Grupo Terrero de Jesus, do qual participa, promove uma leitura jazzística dos ritmos e cantos próprios de cada orixá – os pontos de Candomblé.
Outro traço marcante de sua obra é a influência da música sertaneja nordestina, trazida também por laços familiares maternos que inundaram sua infância. Assim, no Grupo Pau D’Arco, o maestro apresenta uma abordagem pop inovadora, associando a melopeia e ritmos nordestinos a traços estilísticos e convenções da música moderna, já o trabalho Sertão dos Anjos tem no “baião lírico” um de seus mais fortes traços estilísticos. São muitas as influências e ritmos que compõem a sua trajetória.
O maestro Ubiratan Marques foi fundador da Banda Reflexu’s, uma das primeiras bandas de samba-reggae a conquistarem espaço no eixo Rio - São Paulo com um trabalho musical voltado à valorização da cultura afro-brasileira. Prêmio Medalha Zumbi dos palmares, Medalha Mandela Day, Liberdade e Inclusão, 3 Troféus Caymmi, vencedor como melhor arranjo do Festival de Música Educadora, disco de ouro e platina duplo Banda Reflexu’s.
Fez arranjos e trabalhou com: Gerônimo, Maria Bethânia, Johnny Alf, Toninho Horta, Martinália, Chico César, Jorge Mautner, Zé́́ Miguel Wisnik, José Celso Martinez, Mateus Aleluia, Daniela Mercury, Maria Alcina, Gilberto Gil, Luiz Melodia, Roberto Sion, Luís Avelima, Lazzo Matumbi, Batatinha, Bocato, Ione Papas, Leo Maia, Margareth Menezes, Carlinhos Brown, Batatinha, entre outros. O álbum “Vida de Viajante”, de Maria Dapaz, com arranjos do maestro, foi indicado ao Grammy Latino 2004.
O maestro é integrante do Baiana System desde 2018, tendo participado como pianista, compositor e arranjador dos álbuns “O Futuro Não Demora” vencedor do Grammy Latino 2019 e “OXE AXE EXU” com duas indicações ao Grammy.
Em 2021, teve seu trabalho frente à Orquestra Afrosinfônica, o álbum ORIN – A Língua dos Anjos, indicado ao Grammy Latino.
Em 2022, compôs a “Suíte Viramundo”, em homenagem aos 80 anos de Gilberto Gil, especialmente para o “Espetáculo Viramundo” do Balé do Teatro Castro Alves e Orquestra Afrosinfônica.
Em novembro de 2023, Ubiratan Marques lança seu primeiro disco autoral, Dança do Tempo, pelo selo Máquina de louco (Baiana System). O trabalho de Ubiratan Marques traz oito faixas com elementos da música sinfônica, do pop e do jazz que representam seu modo de ver, sentir e estar no mundo.
Ensinar é outro traço forte no Maestro, que lecionou por 10 anos na Universidade Livre de Música Tom Jobim, em São Paulo, e posteriormente montou o Núcleo Moderno de Música, escola no Pelourinho, em Salvador. Enquanto residia em São Paulo, fundou junto ao Projeto Guri a Orquestra Zumbi dos Palmares, trabalho afrosinfônico voltado à cultura negra, que lhe permitiu atuar como regente, dirigindo, por dois anos, jovens de 8 a 18 anos. Já em 2011, implantou a Orquestra Sinfônica Popular Brasileira, junto à Prefeitura de Camaçari, na Bahia, introduzindo o ensino de instrumentos de orquestra a jovens da rede municipal de ensino. O Maestro seguiu, então, dirigindo na Casa da Ponte a Orquestra Afrosinfônica e a Orquestra Sinfônica Jovem Popular Brasileira.
Neste ano de 2023, se mantém à frente da Orquestra Afrosinfônica, além de realizar apresentações do “Ubiratan Marques Asé Ensemble”, grupo com variadas formações. Lança, ainda seu álbum “Ubiratan Marques - Dança do Tempo” e, enquanto presidente da organização social “Casa da Ponte Maestro Ubiratan Marques”, agrega a suas atividades artísticas um projeto revolucionário que promove ações educativas musicais gratuitas para mais de 1.500 pessoas de comunidades de Salvador ligadas a grupos e blocos afro, o “Ponte Para a Comunidade - Orquestras Afrobaianas”, e que ao final entregará oito Orquestras afros, junto ao Olodum, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Cortejo Afro, Pracatum, Didá, Filhos de Gandhi e Grupo Étnico Cultural.
ORQUESTRA AFROSINFÔNICA: Sob o comando do maestro Ubiratan Marques, a Orquestra Afrosinfônica é um coletivo de pessoas negras que se expressa a partir de uma abordagem decorrente de pesquisas sonoras e conceitos intimamente ligados à música afro-brasileira.
Reunindo cerca de 30 músicos e estruturada por piano, percussão, sopros, contrabaixos e vozes femininas, a orquestra leva o conceito “afrosinfônico”, designado pelo maestro Ubiratan, às últimas consequências pela consciência do processo cultural da diáspora africana e pelo processo de pesquisa e estudo de repertório. É importante também dizer que essa música de matriz africana é o tripé da música brasileira, ela é praticamente quem sustenta toda a música brasileira.
A Orquestra Afrosinfônica foi criada em novembro de 2009, com o objetivo de dialogar com expressões orais identitárias brasileiras tão resistentes e marcantes quanto a música de matriz africana e dos povos originários, entre tantas outras. A exemplo disso, o naipe de vozes femininas da Orquestra foi inspirado nos terreiros de candomblé e no cancioneiro popular.
“Foi preciso uma ampla pesquisa sobre os cânticos em Iorubá, Mucubal, Quimbundo, Quicongo - entre outros idiomas trazidos pelos escravos negros ao Brasil e ainda utilizados por seus descendentes, principalmente nos cultos do candomblé, para sintetizar a música afro, que deu origem a toda a música baiana, ligando-a à instrumentação da orquestra e gerando um espetáculo multifacetado, bem representativo da nossa brasilidade”, explica o maestro Ubiratan.
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