Pra Duvidar, álbum de estreia de Klüber, apresenta um universo sofisticado, que passeia entre o grunge, o experimental e o erudito. Com arranjos complexos, a artista curitibana expõe a sua vivência trans não-binária ao abordar amor, música e política através do que ela chama de “pop prolixo.”
A cantora, compositora e musicista curitibana Klüber lança seu álbum de estreia, Pra Duvidar. Com produção de Érica Silva e Leo Gumiero, a obra apresenta uma complexidade de arranjos passeando com sofisticação entre o grunge, o samba, o experimental e a música de concerto ao longo das 11 faixas. A artista define seu trabalho como “pop prolixo” e expõe através das letras e sonoridades as suas vivências como trans não-binária. Amor, música e política fazem parte do seu universo, onde ainda regravou de forma dramática o clássico do sertanejo “O Menino da Porteira”.
“O disco é uma compilação de um poema, uma regravação e nove músicas de diversos períodos da minha vida. Achar sentido e conexão para tudo isso foi um pouco difícil, mas Pra Duvidar tornou-se um disco de grunge - tem até samba grunge - e está articulando a noção de dúvida como uma necessidade. Hesitamos em alguns nomes, mas um grande amigo, chamado Rafael Lorran, criou esse título numa conversa em que aprofundávamos essa ideia de dúvida de gênero, que aqui inclusive pode ser tanto a identidade de gênero quanto o gênero musical”, explica Klüber.
“E acho que articular a dúvida é muito legítimo no momento histórico que a gente vive, passando por uma pandemia, catástrofe climática, entendendo identidades de gênero outras, profissões outras, linguagens artísticas outras, o acúmulo capitalista de dinheiro, informação e conteúdo… e talvez todas as canções, cada uma a seu modo, nos colocam dúvidas: porque ‘O Menino da Porteira’ sempre parece tão animada nas outras versões? Por que eu sou eu? Por que tantos ismos? Por que eu sonho tantas coisas e realizo poucas? Por que eu não me valorizo? É pra duvidar de mim, de você, dessas músicas, votar no Lula e duvidar do Lula, duvidar das organizações, dos sistemas e do cistema”.
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